terça-feira, 17 de julho de 2012

Alegria






Alegria

é sorrires sem ter motivo
seres feliz sem ter razão
dançar-te um brilho de luar no olhar
dormir e sonhar com o mar
 
é brincares com o brilho dos dias
sossegares no silêncio da noites
entenderes a lua... quando te sorri
é amares a vida... assim em mim
de ti...

é ser... para sempre
não no tempo
mas na eternidade
de apenas
um momento...

Paulo Lemos

segunda-feira, 16 de julho de 2012

De novo o dia





De novo o dia

nasces com o céu da manhã
dia de luz imaculada
página em branco
com tanto e tudo
por escrever

trazes a esperança luminosa
luzes da aurora flamejantes
cabelo solto ao vento novo
tempo aberto ao coração
desperto

corres o vento refrescante
amas o sol de brilho crú
danças na areia de nova luz
mergulhas no mar o olhar

e vais correndo com o tempo
esse novo de amar e dar
até que a luz dourada
anuncie a tua partida

e volta a lua... senhora nua
esperança na noite transbordante
ilumina os amantes e anuncia
que só amar... devolve o olhar
brilhante...

Paulo Lemos

domingo, 15 de julho de 2012

Sombra de mim




sombra de mim


há muito me habitavas a memória
era a tua sombra que em mim crescia
muito antes de seres em mim
o tanto que em mim já eras

os teus olhos eram o sol e o
mar dos meus sonhos translúcidos
o teu colo o leito onde adormecia
os teus cabelos o lençol que me cobria
quando o frio da noite caía

dormente de outras vidas
era a voz do teu silêncio que ouvia
no teu choro naquelas
noites que a alma me doía...
e era por mim que que choravas já
a minha dor feita tua
o teu sorriso só meu
tu não sabias... nem eu...

nasceste em mim
antes de eu nascer
cresceste em mim
antes de eu crescer
viveste em mim
até quando eu não vivia
contigo aprendi que és a parte
do meu amor que eu não conhecia
e... vives em mim
para me ensinar a amar-te
no amor que em ti
há muito... nascia

Paulo Lemos

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Perfeito infinito




Perfeito Infinito


nessa lonjura fictícia
de cúmplices silêncios
palavras de sempre caladas
em frases do coração

onde vives comigo os dias
as noites aveludadas... e
habito nos teus sonhos
que medram vacilantes
nesse universo só teu
que a tua alma fez meu

inquietos... perdemo-nos
na bruma de um tempo que
inventámos só nosso
num espaço de luz
onde o silêncio do coração
repete palavras de amor
num perfeito infinito...

Paulo Lemos

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Amanhecer





Amanhecer


nasceste do ventre da noite
do tempo dos silêncios conturbados
voaste nas palavras feitas minhas
escritas no vento da dor
quando o meu tempo se extinguia

trazias a luz do luar
pendurada em dores distantes
fragmentos de um tempo esquecido
que as palavras no silêncio
iam largando na escuridão

foi a luz despertando
alagando como um raio
que crescia feito amor
e iluminava o silêncio
das palavras feitas poema

da noite fez-se dia
de mil sóis iluminada
sopro do amanhecer
cumprindo a profecia das estrelas
nas vozes caladas dos céus
nos sedosos silêncios brilhando
o som de um outro amor
há muito audível nos murmúrios do mar
onde as estrelas. descansam a luz
e nós descansamos a voz

enquanto ressoam os sinos
dos corações há tanto calados...

Paulo Lemos

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Olhar do tempo





Olhar do tempo


não escrevo poemas com palavras
nem gravados num tempo ou lugar
os meus poemas não têm tempo...
e... lugar... são de todos os lugares

são poemas do tempo do vento
mas também do tempo do mar
não são palavras nem letras
são poemas escritos com o olhar.

Paulo Lemos

terça-feira, 10 de julho de 2012

Asas do futuro





Asas do futuro

deslizo suavemente na flanela
dos meus próprios passos
rumores de veredas perdidas
em insinuantes caminhos
voláteis calçadas empedradas
luminosos os inquebráveis destinos

a rua na noite decalcada
passa como um filme antigo
envolta em distantes sons
de ténues iluminações oclusas

ao fundo clarões insinuantes
sol ou estrelas de papel
brilhos do porvir ocioso
liberto de medos atrasados

deslizam fachadas decadentes
na calçada que os passos
consomem radiantes
rumo a uma luminosidade
que se insinua translúcida
rua de rio e luz

libertação da cega escuridão
onde a dor foi tombando inerte
e jaz agora pútrida
na desaparecida calçada
consumida na ligeireza
dos passos do passado

assim chegámos ao
lugar sem fim... onde a
paz que a luz deslumbrante
na voz das sereias vistosas
nos encantava no chamamento
que cegos e surdos ignorámos

este é o lugar do tempo
aquele dos sonhos
que persistente
aguardou por nós
nas asas do futuro.



Paulo Lemos

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Horizontes



Horizontes

vagueias em horizontes
entranhados na minha memória
onde outrora sentia um chão
árido de sentidos enclausurados
em contundentes recordações
miríade de 
pardas emoções

regozijo nos silêncios concedidos
lua de pérolas azuis... lantejoulas
brilham nas noites alcandoradas

revejo silêncios infinitos
onde a abundância de palavras
caladas pela escuridão latente
desenovelam verbos antigos
de amar

e vens recordar-me hesitante
o tempo do verbo calado
o renascer primaveril das folhas
a essência da existência
que habita a palavra não dita
pela noite tardia...

Paulo Lemos

domingo, 8 de julho de 2012

Cidades perdidas




Cidades perdidas

Sabias a limpidez do tempo, desde que escutaras o murmúrio da brisa de verão nas folhagens, ou quando, rente ao mar, adormecias nos reflexos prateados do luar, embalada pela dança mágica das vagas. E nas tardes amenas em que o sol te afagava suavemente a pele e fechavas os olhos, enquanto os sonhos te alagavam de uma agradável dormência. Aprendeste, com os pássaros que vinham de sul, as estórias que te segredaram ao ouvido, dos lugares que tinham um tempo próprio e limpo, que haveria de se tornar o teu. Quando, por fim, o teu tempo chegou, estavas já preparada para o anjo, por quem chamaras há muito, te entregar a chave das cidades perdidas. Onde irás ocupar o lugar que finalmente o tempo fez teu...

Paulo Lemos

sábado, 7 de julho de 2012

Limiares



Limiares

pressentias que um dia
o vértice que une o passado
e o futuro deixaria escapar
pelas fendas da memória
os demónios que mantinhas
ocultos

trazem-te a nostalgia oblíqua
de passos antigos
apodrecidos nas cancelas dos 
limiares obscurecidos pelo gosto
do fel que te arranha 
ainda a língua

nesse vértice clamariam pelo
sabor adocicado que se te 
eleva do coração e te conduz a
semicerrar os olhos em ânsias
e tremuras que havias enterrado

urge encetar a libertação dos fantasmas
demônios agoirentos de uma escuridão
que outrora te cobriu

a paz reclama-te numa imensidão
luminosa que há muito pressentias
chamaria por ti quando o tempo
acertasse com a luz coada
do lugar de descanso...onde
apaixonada te deitarias para
finalmente abrir os olhos para
a luz que o teu coração acendeu
iluminar o universo que agora
também é meu...

Paulo Lemos

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Fala do coração




Fala do coração

Gosto da tua boca salgada
Do mar com que olhas para mim
Da tua saudade embrulhada
Do amor esquecido que assim
te nasce no coração... luz
em nuvens de algodão
Palpitacões cor de  marfim

Gosto de ti como és
Como me fazes sentir
Flor de liz e de cheiros
Crianças... a brincar por fim
Palavras que vão para lá
Sorrisos que voltam para mim

Gosto dos passos que damos
Rumo a uma outra galáxia
Sem apodrecidas memórias
Que nos travem ou embaracem

Gosto de saber que aí estás
E do que sentes por mim
Degrau a passo comigo
Sobes ao espaço que sinto

Por ti perdi já a dor
Vi o clarão lá no topo
Subo degrau a degrau
Sabendo que a tua mão
Está lá e aguarda por fim...

Só porque o teu coração
nos falou já... que é assim...

Paulo Lemos

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Arabescos



Arabescos


podia encantar-te com mil palavras
ou com apenas uma
escrever-te em amarelo
vastas planícies de girassóis
desenhar a branco campos
onde os malmequeres ondulam
ou até escrever-te em azul o mar

os poemas estilhaçam reticências
desdobram-se no odor da maresia
correm nos rios devagar
pintam- se das cores
que nos fazem sonhar

as palavras são a magia
onde as emoções recriam
cenários que a lua pintou
onde outrora apenas reinava
a nostalgia...

podia escrever-te mil palavras
ou pintar apenas uma
pois o poema está já escrito
no teu coração
ainda antes de o rio desenhar
arabescos no silêncio
a preto no branco que as
estrelas iluminam...

Paulo Lemos

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A ponte



A ponte


o rio risca a passagem
a outra margem de mim
a ponte estende o tapete
caminho feito coragem
olhar de mar que colhi

cintila o azul emergente
nadam as ondas caladas
coracão agita as águas
escrevo poemas com nuvens
palavras transfiguradas
em anil de olhares gritados
pelo silêncio... a paixão

sobe a maré... lá no rio
trás o amor que emerge
naquele azul... mas não frio
naquele mar... naquele rio
dentro de mim... o que sentes

a ponte não é miragem
nem perdidas ilusões
é o lugar de passagem
vertigem louca... selvagem
doçura feita coragem
coração corre na margem
lábios juntos na voragem
beijos húmidos... viagem
que o amor vem na aragem
e passa para a outra margem
na voragem tão selvagem induzido pela coragem
a viagem começou...

Paulo Lemos

Liberdade



Liberdade

Campânula de ilusões
incandescentes
Magias herdadas de
outros Verões
Luas flamejantes em noites
Curtas... longas...
caminhos... orações

Já não dançam as negras fadas
engolidas por luminárias tardias
largos passos de gigante
rumo à estrela convexa
à luz que por mim ardia...

A cada passo... um sorriso
ou então um riso crú
morreram as sereias de negro
ficou o caminho sem cruz
e... surgiste tu... princesa
que a chama quente seduz
lábios dos sorrisos ardentes
estrela d’ alva cintilante
meu caminho...minha luz...

Paulo Lemos

terça-feira, 3 de julho de 2012

Iluminas-me



Iluminas-me

Vivia assim... quase feliz
Ou quase infeliz... que importa...
Na penumbra... resignada
Apalpava a vida... andava...
quase feliz... onde a falta de luz
nem me dóia já...

E... as palavras... sempre as palavras
um dia... as palavras... feitas luz
Uma pequena... depois outra...
e outra ainda...

Ardiam na emoção... as palavras
iluminava as palavras... a emoção
Num ciclo infinito de luz
e palavras.... e emoções

E... agora... que as tuas palavras
me iluminam... uma atrás da outra...
e outra... a minha alma a brilhar
o brilho a escapar-me pelos olhos
a iluminar-me o sorriso

Agora... que as palavras
[e  como queimam as tuas palavras]
Me habituaram à luz... as palavras
e... ainda me doem os olhos
do brilho... das palavras
das tuas.

O sorriso...que as tuas palavras
me iluminam... é teu...
A luz... essa é agora minha
e as palavras... as tuas
também...

Paulo Lemos
(Fotografia de Marla Melo)

Névoa




A Névoa


passa a areia pelo vento
a branca névoa oculta os passos 
deslumbrantes passeios inquinados
rumores passados que nos acossam

vem o vento com os braços
carregados de areias cintilantes
tapa os passos do passado
aplana e prepara o espaço
em frente...

doce a violência do soar do mar
salpicos salgados afagam a pele
os passos inscrevem-se decididos
na lonjura da vida que continua

sorrisos rasgam-me agora a face
enquanto lambo o sal dos lábios
e são os teus que sinto... molhados
frescura que apaga o passado
em cujos silêncios me encontro

e o sal que adoça o sorriso
dos lábios meus... talvez dos teus
o mar ali ensurdecedor a gritar
o vento com a areia nos braços
os passos limpos... em branco

a neblina lá longe... esconde a dor
até se deixar de ver... difusa...
esquecida... soterrada pelo vento
na areia que persiste em tapar
os passos... os do passado

sobra o sal... e o sorriso...
que a névoa nunca ganha ao mar
e esse... foi sempre meu

Paulo Lemos

sábado, 30 de junho de 2012

Proa do tempo





Proa do tempo...


Quebrei a proa do tempo
No mar da tua indiferença
As horas chamavam por ti
e.. eu ali à espera
na esquina dos minutos
na ansiedade dos ponteiros
no movimento perdido
lugar etéreo de ilusão

Quebrei a proa do tempo
E o tempo perdeu-se de ti
e... eu perdi-te de mim

Paulo Lemos
(fotografia de ana sampaio)

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Reflexões sobre reflexos




Reflexões sobre reflexos

Reflicto na vida reflectida
nos reflexos que o passado
reflecte no futuro reflexo

vida imensa de espelho que
por cada momento de escuridão
reflecte momentos de luz na
imensidão do lago que somos

todos os momentos bons são
reflectidos em momentos maus que
são reflectidos em momentos bons
espiral de contradições e tempos
passados e futuros que nem o
lago desfaz e percebe...

mistura-se o passado e o futuro
os medos e receios de um
reflectidos no outro... eternamente

e o lago... essa água que
esconde a chave que decifra
os segredos que o passado oculta
e abre o futuro... sem reflexos

reflicto que a superfície do meu
lago pode deixar de reflectir no
futuro os reflexos do receio do
passado...

a chave... essa esconde-se nos
reflexos da alma reflectidos
nas palavras que o silêncio do
coração teima em repetir... sem reflexos

o amor... esse... reflecte-se nos teus
olhos quando a luz dos meus reflexos
os habitar sem receios...

e tu... reflexo de mim que
reflicto o teu amor... unes-te
a mim... no fio da superfície
onde... já sem reflexos nos
perdemos em nós...

Paulo Lemos








quarta-feira, 27 de junho de 2012

Nas asas do sonho




Nas asas do sonho

Voo em imagens sem limites
Emoções para lá dos sentimentos
Púrpuras aves sem horizontes
Comigo vincam os céus
Onde as nuvens feitas anjos
Nos acolhem gloriosos

Com as asas do sonho recrio
Realidades antes impuras
Tangíveis nos seus destinos
Futuras vidas do amor nascidas

e... estas imagens tão nítidas
Sonhadas em dias claros
Sem noites que os atormentem
Só as estrelas a iluminá-los


e... em letras bem desenhadas
as estrelas escrevem o destino
outrora perdido na mente
de quem deixou de ser menino

são de sonhos as minhas asas
rudes... fortes.... genuínas
para planar no infinito sedimento
dos clarões quase invisíveis
para quem de cera tem asas

minhas asas são de sonhos
brancas... possantes... de anjo
para voar nos firmamentos
lúcidos... reais... intemporais...

Asas nascidas para voar
em direcção ao sol...

Paulo Lemos



terça-feira, 26 de junho de 2012

Desnudada água




Desnudada água


Em cada gota te desnudo
húmido corpo de carinho
o odor a frescas frutas
que do teu corpo evapora
entontece-me o desejo

Só de água te vejo nua
o teu corpo que pede o meu
deslizo as mãos com vagar
humedecendo-as nas gotas
da tua pele encharcada
bailarina de água nua
em encantadas danças de lua

És água do meu desejo
da sede que me devora
feita de transparentes gotas puras
onde mergulho... enlouqueço e... 
em ti... depois adormeço...

E de manhã ao acordar
sede que ainda não morreu
vou voltar a mergulhar
no teu corpo de água feito
agora  meu...

White Angel

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Ascensão





Ascensão

Atraído pela luz do cego desnível
emergente
a escada estende-se numa planura insinuante
luminosa via nua e pura
consciência firme e rigorosa
dos destinos que nas nuvens perduram

ao cimo a luz se não envergonha já...
clama por mim... bradam os céus
que nunca dúvidas tive que me embaracem
a luz é minha... a lua segredou-mo

a esperança não me largou nunca
as estrelas gravaram-ma no coração
mesmo no meio da penumbra... a luz...
aquela... não saiu de mim jamais
a lua deu-ma...

e guardou-me na sua luz a lua amiga
quando em velhas noites me susurrava
que a escada longa e sinuosa
era ilusão para evitar... apenas
aqueles que, cansados só de olhar,
nem a ela logravam chegar...

a luz... aquela... a minha
sempre me sorriu... como a lua
que agora me olha condescendente
pois sabe que vou para o mar
onde amar é imperativo incandescente
nas noites de lua brilhante
que já não chora por mim...
nem por ti... pois sabe que vais
para onde o teu coração te mandar
aninhar-te em mim... no mar
Onde a lua nos sorri...

Paulo Lemos