terça-feira, 3 de julho de 2012

Névoa




A Névoa


passa a areia pelo vento
a branca névoa oculta os passos 
deslumbrantes passeios inquinados
rumores passados que nos acossam

vem o vento com os braços
carregados de areias cintilantes
tapa os passos do passado
aplana e prepara o espaço
em frente...

doce a violência do soar do mar
salpicos salgados afagam a pele
os passos inscrevem-se decididos
na lonjura da vida que continua

sorrisos rasgam-me agora a face
enquanto lambo o sal dos lábios
e são os teus que sinto... molhados
frescura que apaga o passado
em cujos silêncios me encontro

e o sal que adoça o sorriso
dos lábios meus... talvez dos teus
o mar ali ensurdecedor a gritar
o vento com a areia nos braços
os passos limpos... em branco

a neblina lá longe... esconde a dor
até se deixar de ver... difusa...
esquecida... soterrada pelo vento
na areia que persiste em tapar
os passos... os do passado

sobra o sal... e o sorriso...
que a névoa nunca ganha ao mar
e esse... foi sempre meu

Paulo Lemos

1 comentário:

  1. Maravilhosa esta névoa...gosto de névoas...gosto e pronto...!!!
    Beijo amigo :)
    Júlia Tigeleiro

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