sexta-feira, 13 de julho de 2012

Perfeito infinito




Perfeito Infinito


nessa lonjura fictícia
de cúmplices silêncios
palavras de sempre caladas
em frases do coração

onde vives comigo os dias
as noites aveludadas... e
habito nos teus sonhos
que medram vacilantes
nesse universo só teu
que a tua alma fez meu

inquietos... perdemo-nos
na bruma de um tempo que
inventámos só nosso
num espaço de luz
onde o silêncio do coração
repete palavras de amor
num perfeito infinito...

Paulo Lemos

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Amanhecer





Amanhecer


nasceste do ventre da noite
do tempo dos silêncios conturbados
voaste nas palavras feitas minhas
escritas no vento da dor
quando o meu tempo se extinguia

trazias a luz do luar
pendurada em dores distantes
fragmentos de um tempo esquecido
que as palavras no silêncio
iam largando na escuridão

foi a luz despertando
alagando como um raio
que crescia feito amor
e iluminava o silêncio
das palavras feitas poema

da noite fez-se dia
de mil sóis iluminada
sopro do amanhecer
cumprindo a profecia das estrelas
nas vozes caladas dos céus
nos sedosos silêncios brilhando
o som de um outro amor
há muito audível nos murmúrios do mar
onde as estrelas. descansam a luz
e nós descansamos a voz

enquanto ressoam os sinos
dos corações há tanto calados...

Paulo Lemos

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Olhar do tempo





Olhar do tempo


não escrevo poemas com palavras
nem gravados num tempo ou lugar
os meus poemas não têm tempo...
e... lugar... são de todos os lugares

são poemas do tempo do vento
mas também do tempo do mar
não são palavras nem letras
são poemas escritos com o olhar.

Paulo Lemos

terça-feira, 10 de julho de 2012

Asas do futuro





Asas do futuro

deslizo suavemente na flanela
dos meus próprios passos
rumores de veredas perdidas
em insinuantes caminhos
voláteis calçadas empedradas
luminosos os inquebráveis destinos

a rua na noite decalcada
passa como um filme antigo
envolta em distantes sons
de ténues iluminações oclusas

ao fundo clarões insinuantes
sol ou estrelas de papel
brilhos do porvir ocioso
liberto de medos atrasados

deslizam fachadas decadentes
na calçada que os passos
consomem radiantes
rumo a uma luminosidade
que se insinua translúcida
rua de rio e luz

libertação da cega escuridão
onde a dor foi tombando inerte
e jaz agora pútrida
na desaparecida calçada
consumida na ligeireza
dos passos do passado

assim chegámos ao
lugar sem fim... onde a
paz que a luz deslumbrante
na voz das sereias vistosas
nos encantava no chamamento
que cegos e surdos ignorámos

este é o lugar do tempo
aquele dos sonhos
que persistente
aguardou por nós
nas asas do futuro.



Paulo Lemos

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Horizontes



Horizontes

vagueias em horizontes
entranhados na minha memória
onde outrora sentia um chão
árido de sentidos enclausurados
em contundentes recordações
miríade de 
pardas emoções

regozijo nos silêncios concedidos
lua de pérolas azuis... lantejoulas
brilham nas noites alcandoradas

revejo silêncios infinitos
onde a abundância de palavras
caladas pela escuridão latente
desenovelam verbos antigos
de amar

e vens recordar-me hesitante
o tempo do verbo calado
o renascer primaveril das folhas
a essência da existência
que habita a palavra não dita
pela noite tardia...

Paulo Lemos

domingo, 8 de julho de 2012

Cidades perdidas




Cidades perdidas

Sabias a limpidez do tempo, desde que escutaras o murmúrio da brisa de verão nas folhagens, ou quando, rente ao mar, adormecias nos reflexos prateados do luar, embalada pela dança mágica das vagas. E nas tardes amenas em que o sol te afagava suavemente a pele e fechavas os olhos, enquanto os sonhos te alagavam de uma agradável dormência. Aprendeste, com os pássaros que vinham de sul, as estórias que te segredaram ao ouvido, dos lugares que tinham um tempo próprio e limpo, que haveria de se tornar o teu. Quando, por fim, o teu tempo chegou, estavas já preparada para o anjo, por quem chamaras há muito, te entregar a chave das cidades perdidas. Onde irás ocupar o lugar que finalmente o tempo fez teu...

Paulo Lemos