O meu rio
Foi na água
que em ti corria
Que pingaram
as minhas lágrimasQuando a dor me apertava a alma e
O coração me enegrecia ressequido
Foram as tuas
palavras molhadas
E depois o fio
de água da tua vozQue me lavaram a dor na alma
E a luz que reflectias do sol que
Te iluminava todos os dias
Que me entrava no coração
Enquanto a escuridão se afastava
Foi nas tuas margens que aprendi
Que as palavras que escrevia
na areia ainda molhada
Podiam tranformar-se em poemas
Que depois tu levavas na corrente
Para outras almas que os bebiam
Foi nesse rio... feito mulher
Que voltei a sorrir no azul
Que os teus olhos de água
Me ofereciam quando a escuridão
Lá longe me voltava a ameaçar
Foi no leito desse rio, feito colo
Que tantas vezes adormeci na paz
Que só a sua água possuía
E que eu pensava esquecida
Onde a não voltaria a encontrar
Foi nos reflexos de ti que vi
Em todos os entardeceres
a miríade vívida de cores
Que o sol levava consigo para
No outro dia voltar a luz
Que sempre tinha em ti
E... quando a minha sede me sufoca
é em ti que mergulho à noite
Enquanto a água me afaga o cabelo e
Chovem palavras que entram por mim
E ...espero
pelo dia em que
O canto das
sereias que te habitamme há-de chamar no eco
da tua doce voz... para juntos
Corrermos para o mar
Onde as cores que o sol ainda
Nao levou nesse entardecer
Esperam por nós para nos aclamar
A mim... que
vivo no rio
E ao rio que
vive em mim...