sábado, 30 de junho de 2012

Proa do tempo





Proa do tempo...


Quebrei a proa do tempo
No mar da tua indiferença
As horas chamavam por ti
e.. eu ali à espera
na esquina dos minutos
na ansiedade dos ponteiros
no movimento perdido
lugar etéreo de ilusão

Quebrei a proa do tempo
E o tempo perdeu-se de ti
e... eu perdi-te de mim

Paulo Lemos
(fotografia de ana sampaio)

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Reflexões sobre reflexos




Reflexões sobre reflexos

Reflicto na vida reflectida
nos reflexos que o passado
reflecte no futuro reflexo

vida imensa de espelho que
por cada momento de escuridão
reflecte momentos de luz na
imensidão do lago que somos

todos os momentos bons são
reflectidos em momentos maus que
são reflectidos em momentos bons
espiral de contradições e tempos
passados e futuros que nem o
lago desfaz e percebe...

mistura-se o passado e o futuro
os medos e receios de um
reflectidos no outro... eternamente

e o lago... essa água que
esconde a chave que decifra
os segredos que o passado oculta
e abre o futuro... sem reflexos

reflicto que a superfície do meu
lago pode deixar de reflectir no
futuro os reflexos do receio do
passado...

a chave... essa esconde-se nos
reflexos da alma reflectidos
nas palavras que o silêncio do
coração teima em repetir... sem reflexos

o amor... esse... reflecte-se nos teus
olhos quando a luz dos meus reflexos
os habitar sem receios...

e tu... reflexo de mim que
reflicto o teu amor... unes-te
a mim... no fio da superfície
onde... já sem reflexos nos
perdemos em nós...

Paulo Lemos








quarta-feira, 27 de junho de 2012

Nas asas do sonho




Nas asas do sonho

Voo em imagens sem limites
Emoções para lá dos sentimentos
Púrpuras aves sem horizontes
Comigo vincam os céus
Onde as nuvens feitas anjos
Nos acolhem gloriosos

Com as asas do sonho recrio
Realidades antes impuras
Tangíveis nos seus destinos
Futuras vidas do amor nascidas

e... estas imagens tão nítidas
Sonhadas em dias claros
Sem noites que os atormentem
Só as estrelas a iluminá-los


e... em letras bem desenhadas
as estrelas escrevem o destino
outrora perdido na mente
de quem deixou de ser menino

são de sonhos as minhas asas
rudes... fortes.... genuínas
para planar no infinito sedimento
dos clarões quase invisíveis
para quem de cera tem asas

minhas asas são de sonhos
brancas... possantes... de anjo
para voar nos firmamentos
lúcidos... reais... intemporais...

Asas nascidas para voar
em direcção ao sol...

Paulo Lemos



terça-feira, 26 de junho de 2012

Desnudada água




Desnudada água


Em cada gota te desnudo
húmido corpo de carinho
o odor a frescas frutas
que do teu corpo evapora
entontece-me o desejo

Só de água te vejo nua
o teu corpo que pede o meu
deslizo as mãos com vagar
humedecendo-as nas gotas
da tua pele encharcada
bailarina de água nua
em encantadas danças de lua

És água do meu desejo
da sede que me devora
feita de transparentes gotas puras
onde mergulho... enlouqueço e... 
em ti... depois adormeço...

E de manhã ao acordar
sede que ainda não morreu
vou voltar a mergulhar
no teu corpo de água feito
agora  meu...

White Angel

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Ascensão





Ascensão

Atraído pela luz do cego desnível
emergente
a escada estende-se numa planura insinuante
luminosa via nua e pura
consciência firme e rigorosa
dos destinos que nas nuvens perduram

ao cimo a luz se não envergonha já...
clama por mim... bradam os céus
que nunca dúvidas tive que me embaracem
a luz é minha... a lua segredou-mo

a esperança não me largou nunca
as estrelas gravaram-ma no coração
mesmo no meio da penumbra... a luz...
aquela... não saiu de mim jamais
a lua deu-ma...

e guardou-me na sua luz a lua amiga
quando em velhas noites me susurrava
que a escada longa e sinuosa
era ilusão para evitar... apenas
aqueles que, cansados só de olhar,
nem a ela logravam chegar...

a luz... aquela... a minha
sempre me sorriu... como a lua
que agora me olha condescendente
pois sabe que vou para o mar
onde amar é imperativo incandescente
nas noites de lua brilhante
que já não chora por mim...
nem por ti... pois sabe que vais
para onde o teu coração te mandar
aninhar-te em mim... no mar
Onde a lua nos sorri...

Paulo Lemos

As pedras




As pedras





Não receies as pedras no caminho
pois elas suportam o indelével peso
que transportas no cansaço dos ombros
onde a lua se aninhou, noutros luares
Maratonas de silêncios subentendidos
Grutas que ocultavam o amor ausente

Pedras brilham agora dançando
Sobre as águas que espelham afectos
espúrios... incógnitos na palavra sentida
Sensível voluptusidade que te amedronta
No intímo do coração onde brilha o luar

Pé ante pé... em cada pedra
Cada lua que a água agora embala
Ensaias os passos ainda perdidos
Impelida pelo coração aquecido
nas luzes que pensaras esquecidas
que a água te entrega omnisciente

Passo a passo... lua a lua
A luz anseia por ti...coração obstinado
Luta a lua...  e clama a água
Enleias-te em caminhos decididos
que evitavas tão decididamente

e... agora cada pedra, cada lua
te entrega o sabor de mares salgados
na ânsia da tua boca de cálidos beijos
pedra a pedra... passo a passo... lua a lua...
entregas-te mais, em luares divinos
passos decididos... firmes... destemidos
que tinhas esquecido... mas sempre
soubeste... que o amor, embora dormente...
mas nunca ausente... apenas esperava
a luta da lua... para o sentires mais...
e mais...intensamente...

Paulo Lemos