sábado, 16 de junho de 2012

O meu rio





O meu rio

Foi na água que em ti corria
Que pingaram as minhas lágrimas
Quando a dor me apertava a alma e
O coração me enegrecia ressequido

Foram as tuas palavras molhadas
E depois o fio de água da tua voz
Que me lavaram a dor na alma
E a luz que reflectias do sol que
Te iluminava todos os dias
Que me entrava no coração
Enquanto a escuridão se afastava

Foi nas tuas margens que aprendi
Que as palavras que escrevia
na areia ainda molhada
Podiam tranformar-se em poemas
Que depois tu levavas na corrente
Para outras almas que os bebiam

Foi nesse rio... feito mulher
Que voltei a sorrir no azul
Que os teus olhos de água
Me ofereciam quando a escuridão
Lá longe me voltava a ameaçar

Foi no leito desse rio, feito colo
Que tantas vezes adormeci na paz
Que só a sua  água possuía
E que eu pensava esquecida
Onde a não voltaria a encontrar

Foi nos reflexos de ti que vi
Em todos os entardeceres
a miríade vívida de cores
Que o sol levava consigo para
No outro dia voltar a luz
Que sempre tinha em ti

E... quando a minha sede me sufoca
é em ti que mergulho à noite
Enquanto a água me afaga o cabelo e
Chovem palavras que entram por mim

E ...espero pelo dia em que
O canto das sereias que te habitam
me há-de chamar no eco
da tua doce voz...  para juntos
Corrermos para o mar
Onde as cores que o sol ainda
Nao levou nesse entardecer
Esperam por nós para nos aclamar

A mim... que vivo no rio
E ao rio que vive em mim...


Paulo Lemos

Sem comentários:

Enviar um comentário