domingo, 17 de junho de 2012

Soprada no vento





Soprada no vento



Em quantos caminhos me tenho
que perder ainda em mim
Quantas estradas erradas percorrer
Meandros de rios  deslizar às cegas
Entre monstruosas montanhas
ameaçadoras da minha pequenez

Quantos mares tenho que mergulhar
E rios descer imerso em correntes
Trilhos perdidos em montes esquecidos
Rastos de cobras e de chacais onde
nítidas nuvens de águas estagnadas
pingam gotas de tristes chuvas

Afectos difusos distantes no tempo
Dobram as horas e o pensamento
Esquecem-me e recordam-me distantes
Quero e nao posso ou posso
e não quero, poder o que quero

Deslizo em mim reflectido nos contornos
esbatidos da face, que me não lembra
oculta, por cabelos que sonhei
levemente ondulados, de onde emergem os
olhos que há muito esgotaram as lágrimas
mas teimam ainda em chorar...

As luzes secam ainda os caminhos que
percorro, meio perdido, sem perceber
completamente os sinais que me cercam
em electrificantes emoções angelicais de
imaculada brancura que me cega

As respostas, essas, estão há muito escritas
no livro do oráculo, com letras que só
os druídas dos poemas conseguem decifrar
Resilientes ao tempo, ao pó que as teima em cobrir,
são sopradas no vento que apenas
os olhos ainda inundados de amor, que
não seca, conseguem ouvir...


Paulo Lemos

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